Da ideia inicial de elaborar um livro diferenciado e pioneiro até o envio para a gráfica foram 90 dias de trabalho incansável de uma equipe que se comportou como se estivesse numa alegre e saudável linha de montagem, tal o entrosamento entre a pesquisa, as possibilidades do texto, a direção de arte e os cuidados de cada escolha para o encaixe perfeito, nas páginas duplas, das 340 ilustrações escolhidas com base em dois critérios aparentemente contraditórios: o rigor histórico e a liberdade jornalística.

Participaram diretamente desta aventura de final feliz: o editor de contexto, José Luiz Del Roio, o editor de pesquisa, Vladimir Sacchetta, o editor de texto, José Mauricio de Oliveira e o jornalista Carlos Azevedo, como consultor, Kiko Farkas e sua sofisticada direção de arte, junto com Mateus Valadares, a historiadora Juliana Sartori, a jovem jornalista Paula Sacchetta e o pesquisador Luis Zimbarg, sob a coordenação da minha eterna curiosidade.

São quatro capítulos que obedecem a uma linha editorial muito clara. É dado o justo destaque a uma publicação historicamente importante e, na página espelhada, encaixamos as capas dos jornais ou revistas que ajudam a compor um formidável caleidoscópio, suficiente para explicar aquela fração de realidade, sempre do ponto de vista do jornalismo. Ao lançar uma publicação alternativa, de oposição, no exílio ou mesmo clandestina, o jornalista cria também um caldo de cultura fundamental para entender a história recente do Brasil, sem os filtros da análise mais tradicional.

Temos até a ousadia de dizer que está todo mundo aqui, como joias raras que finalmente ganham o palco e o reconhecimento. Uma delas é o Jornal do Subiroff, editado em 1920 por um filho dileto da burguesia paulista, que surpreende em todos os quesitos: criatividade, atrevimento e humor.

Dá gosto abrir o capítulo Imprensa Alternativa com o PifPaf, ousadia de Millôr Fernandes, que colocou nas bancas a sua revista semanas depois do golpe de 64 e deu no que deu.

O capítulo sobre a imprensa clandestina deixa claro, pelos fac-similes apresentados, a enorme dificuldade de fazer e distribuir publicações que, em muitos casos, eram o único oxigênio possível para o contato entre militantes de organizações estraçalhadas pela ditadura.

No capítulo Imprensa no Exílio estão as publicações que, feitas por brasileiros exilados, correram mundo denunciando os desmandos do golpe militar.

Este material foi reunido em 34 anos de paciente trabalho de José Luiz Del Roio e é, pela primeira vez, mostrado.

E mais. A cada início de capítulo, você terá o prazer de ler uma introdução que o coloca dentro das várias histórias.

Portanto, aguce o olhar, prepare o espírito, porque chegou a hora de ter um grande prazer intelectual.

Ricardo Carvalho – Editor